Instituto Pensar - Anvisa registra nove mortes por reação adversa à cloroquina

Anvisa registra nove mortes por reação adversa à cloroquina

por: Eduardo Pinheiro


Com caixa de cloroquina, Bolsonaro divulga foto após resultado negativo de PCR para Covid-19. Foto: Reprodução/Twitter

Defendido com unhas e dentes pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante toda a pandemia de Covid-19, as reclamações de efeitos adversos causados pela cloroquina aumentaram 558% em 2020, ano em que começou a pandemia, ante a 2019. Ao menos nove mortes foram notificadas pelo uso do medicamento, todas após março de 2020.

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Em 2019, a cloroquina estava na sétima posição na lista dos medicamentos responsáveis por efeitos adversos, com 139 notificações. Em 2020, ano em que foi classificada como "milagrosa? pelo chefe do Executivo, a cloroquina passou à primeira posição, com 916 notificações. Os dados constam de um levantamento feito pelo jornal O Globo com base no Painel de Notificações de Farmacovigilância mantido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A plataforma também mostra que houve um aumento geral no número de notificações ao se comparar os dois anos. A quantidade de notificações referentes a qualquer medicamento era de 8.587 em 2019, após o início da pandemia passou para 19.592, um crescimento de 128%. Apesar do crescimento dos dados gerais, a alta relacionado a medicamentos que fazem parte do "kit Covid?, como cloroquina e azitromicina, é superior à média.

Kit Covid

O chamado "kit Covid? é um grupo de medicamentos fornecidos pelo governo federal a estados e municípios no qual estão remédios sem eficácia contra a Covid-19, decisão que foi amplamente criticada por especialistas da área e mesmo assim aplicada pelo então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na conduta típica do "um manda e o outro obedece?.

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Do total de eventos adversos notificados, 96% se concentram no Amazonas, um dos estados que mais sofreram com a pandemia e de onde surgiu a variante brasileira da Covid-19. Entre os principais efeitos adversos notificados estão: distúrbios dos sistemas nervoso, gastrointestinal, psiquiátrico e cardíaco.

Outros medicamentos que tiveram crescimento no número de notificações de efeitos adversos foram a hidroxicloroquina e o sulfato de hidroxicloroquina. De acordo com o painel, em 2019, nenhuma notificação havia sido registrada sobre o uso desses remédios. Em 2020, no entanto, foram registradas 168 notificações.

A azitromicina, que também faz parte do kit, também registrou aumento no número de efeitos adversos notificados. Em 2019 foram 25. Em 2020, o número saltou para 82, uma variação de 228%.

Outro integrante do "kit Covid? que teve aumento no número de notificações é a ivermectina. Segundo o painel da Anvisa, em 2019, não houve nenhuma notificação relacionada ao medicamento. Em 2020, foram 11. Recentemente, médicos alertaram que pelo menos quatro pacientes que fizeram uso indiscriminado de ivermectina foram encaminhados à fila do transplante de fígado.

Paciente morre após nebulização com hidroxicloroquina

Um homem de 69 anos, internado com sintomas de Covid-19 no Hospital de Caridade de Alecrim, cidade gaúcha na fronteira com a Argentina, faleceu dois dias após ter feito quatro sessões de nebulização de hidroxicloroquina diluída. A família diz não ter sido consultada sobre as nebulizações e fizeram uma denúncia ao Ministério Público requerendo a investigação do caso, alegando que a medicação contribuiu para a piora do quadro de saúde.

"O que pretendemos é buscar justiça para tudo o que ocorreu com o meu pai no período da internação, para que outras pessoas não passem por tratamentos experimentais. Não teríamos autorizado, sobretudo por sabermos que essa conduta médica não tem base legal?, diz a filha do paciente, Eliziane Pereira.

Com informações do jornal O Globo



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